Em 2019 passam 60 anos sobre a chegada a Portugal do Duo Ouro Negro. Recordamos a grande viagem dos ritmos e dos instrumentos tradicionais angolanos empreendida por este grupo, magnificamente conceptualizada no seu álbum Blackground.
Editado pela Valentim de Carvalho a 17 de Março de 1972, Blackground foi alvo em 2018 de uma reedição especial pela Armoniz, limitada a 500 exemplares numerados - http://armoniz.org/releases.html
O Museu Nacional de Etnologia, a Valentim de Carvalho e a Armoniz celebram esta longa viagem do folclore de Angola, prestando homenagem aos que idealizaram esta obra singular e aos que contribuíram para a sua realização.
Uma conversa, com momentos musicais ao vivo evocativos de Blackground, moderada por João Carlos Callixto e Mário Lopes.
Com presença e actuação dos músicos Alcina Santos, Bonga, Carlos Sanches, Eduardo Nascimento, Fernando Girão, Garda, Lavoisier, Luís N'Gambi, Odete Cruz e Vum-Vum.
A sessão decorre no Museu Nacional de Etnologia (Av. Ilha da Madeira, 33 - Restelo, Lisboa. T: 213041160).
4 ABRIL 2019 / 18:00 / ENTRADA LIVRE
Evento de Facebook oficial: facebook.com/events/355535818635295/
É um rio… É um rio muito grande, que se desenvolve até chegar ao mar.
Quando chega ao mar, é o jazz...
«Quando em 1959 saímos de Angola rumo à Europa, trazíamos na nossa bagagem, juntamente com os nossos sonhos e uma grande esperança, um lote de canções lindas. Umas eram estilizações do nosso folclore, outras eram canções da nossa autoria, traduzindo a cor mulata da nossa terra, com as suas famosas acácias vermelhas, ou “o rubro sangue que o pôr-do-sol derrama”, ou ainda as noites famosas de lua cheia, espelho de Kituta ou Iemanjá. Se querem entender bem o que queremos dizer, ouçam com atenção o nosso álbum Blackground, que leva nas espiras a confirmação desta conversa.» Raul e Milo / Ouro Negro, 1971
«O ritmo do Raul e a voz do Milo... Eles eram muito bons. Mal os vi, quis logo contratá-los para a Valentim de Carvalho.» Hugo Ribeiro, 2016
«Blackground é a obra-prima do Duo Ouro Negro. É uma obra de miscigenação, de superação.» Mário Lopes / Público, 2018
Em 1959, Raul Indipwo e Milo Mac-Mahon chegavam a Lisboa vindos de Luanda. Através do técnico de som Hugo Ribeiro e do editor Rui Valentim de Carvalho nasceu uma longa relação com a Valentim de Carvalho, que os levaria pelos quatro cantos do mundo. O folclore angolano e uma longa digressão pelos Estados Unidos em 1970 motivariam a escrita do mítico LP Blackground, considerado um marco na carreira do Duo Ouro Negro e um disco fundamental na história da Música Africana.
Blackground é uma obra conceptual sobre a evolução da Música Negra. Os rios e os mares são aqui apresentados metaforicamente como meio para a disseminação e evolução dos ritmos a partir das raízes ancestrais da África Banta. Blackground é o resultado das transformações da música e da cultura levadas pelos escravos africanos nessas longas viagens...
«Don’t forget your background, don’t forget your blackground».
Blackground é ritmo, mas é igualmente sentimento e fé inabaláveis, e um dos grandes exemplos do multiculturalismo na música.