A fadista foi já distinguida com este mesmo prémio em 2014.
Gisela João é uma das principais figuras da cultura nacional contemporânea. A sua voz grave e poderosa, a forma como se entrega às palavras e como permite que dominem a sua prestação, bem como a sua atitude mais rebelde que foge aos cânones de Alfama, são a prova de que o talento impera aqui e também além fronteiras, onde de resto actua regularmente.
Os dois discos já editados - "Gisela João" (2013) e "Nua" (2016) - são marcos na história do Fado. Gisela dá voz às palavras de poetas da actualidade, visita temas clássicos e tradicionais, surpreende-nos mostrando que, vinda de onde vier - e vem de muitos sítios -, a música que passa pela sua voz é fado. É esse o seu fado.
Em 2019 surpreendeu com duas incursões pela electrónica, reinventando e inovando na tradição.
Com Stereossauro, Gisela João uniu a sua autenticidade e a densidade do fado à irreverência da electrónica e ao groove do hip hop. Uma combinação transcendente e perfeita, "Vento" é um fado luminoso que faz parte do disco do produtor "Bairro da Ponte". Um tema que ganhou um videoclipe que traduz a paixão de Gisela João por novos mundos, novos horizontes, novas ideias. Musicais e líricas.
Gisela João viu o seu "Fado Para Esta Noite" ganhar nova vida, numa remistura assinada por Xinobi. Depois de ter sido tema de abertura para o disco "Nua", a inconfundível voz de Gisela João junta-se a um místico instrumental. O resultado é um tema intenso em que o fado ganha uma nova abordagem sem, no entanto, perder o sentimento ou as suas raízes.
2019 está a ser um ano muito frutífero para Gisela João. Uma intensa digressão nacional e internacional tem levado a canção mais portuguesa pelo mundo, alcançando públicos que se deixam tocar pela força da fadista.
A nomeação para o Globo de Ouro na categoria "Melhor Intérprete" é, precisamente, o reconhecimento do fulgor que caracteriza o percurso de Gisela João. De recordar que em 2014 recebeu este mesmo galardão na XIX Gala dos Globos de Ouro.
«Gisela João tem impregnada na voz uma forte matriz fadista, daquelas que surgem sem avisar, das que não se aprendem nem se ensinam mas estão lá, no sítio onde um fogo as acende nos momentos de entrega ou de génio.» - Nuno Pacheco, Ípsilon