S. Pedro é um artista multifacetado e temerário. Como não sabe pilotar aviões, resolveu passar o mês de Maio no Jardim Zoológico a apascentar leões, até conseguir tratá-los por tu.
A música acalma as feras mas a de S. Pedro, além disso, também ajuda a conquistar a confiança e até a amizade dos felinos. O resultado desta residência é o novo vídeo “Joaquim”, uma reinvenção do peplum em ambiente urbano, numa realização de Andreia Teixeira que oferece um olhar cinematográfico que tanto alcança o academismo documental de um Richard Attenborough como o experimentalismo conceptual de Peter Greenway. O protagonista é S. Pedro, num desempenho arrojado em que o artista demonstra que além de multi-instrumentista também domina a vassoura e é capaz de andar de bicicleta sem mãos, e curvar com elegância. Se fosse actor, seria seguidor d’O Método. Por isso fez questão de acordar todos os dias às 6 da manhã para poder exibir com verdade umas olheiras reais e irrepreensíveis, e ainda confeccionar croquetes para toda a equipa, leões incluídos. Este videoclipe é o primeiro passo do projecto de geminação da Maia com Los Angeles.
Como dizia o poeta, o sonho deve ser uma constante da vida. A rotina, não.
“O FIM” JÁ À VENDA
Pedro Pode já foi MC de hip-hop e até baterista de uma banda de metal, mas trocou o rap pelo canto e a bateria pela guitarra, e começou a compor canções.
Ganhou notoriedade enquanto líder dos doismileoito, e agora reinventa-se como S. Pedro.
A resposta às muitas ideias soltas que se acumulavam no computador e no telemóvel e que tinham de ser concretizadas. Um conjunto de canções que foi escrevendo, guardando, deixando crescer. Estavam presas como pássaros numa gaiola ou balões numa rede. E precisavam de voar.
S. Pedro libertou-as. Construiu um estúdio analógico, uma oficina de artesão. E foi gravando com tempo, em fita magnética, aperfeiçoando arranjos, acrescentando instrumentos, e convidando amigos para colaborarem.
Primeiro, o Tó Barbot, baixista de uma banda mítica de funk da Maia, malta do funk. Foi não só um cúmplice como ajudou a definir o som do grupo.
Depois o André Aires, que já tinha tocado nos doismileoito, tomou conta da bateria.
Entretanto, o Júnior Amaral, que já trabalhou em discos do Roberto Carlos, entre outros compatriotas, trouxe o perfume do Rio de Janeiro nas teclas.
Assim nasceu a banda S. Pedro e o disco “O Fim”, ainda com as colaborações de Sérgio Pacheco, trompete em “Que Azar”, Sónia Amorim, violoncelo em “Quim” e Andreia Teixeira, que fez coros em quase todas as músicas.
Um disco pessoal e transmissível, feito de canções simples, histórias quotidianas e letras que nos fazem sorrir e pensar.
Canções nas quais nos reconhecemos, com versos que ficam a ressoar, alguns na ponta da língua. Métrica redonda, recorte clássico e pop diletante onde se busca o essencial, até porque “é o bis encore que torna feia a canção”.
O tipo de coisa que se adivinhava de alguém que tem um gato chamado Samuel, joga matrecos e é fã do Porto.
“O Fim” vai ser o princípio de uma bela amizade…